O FORCADO AMADOR e a Tauromaquia actual - José Barrinha da Cruz

«…Como diz o tratado de Ensinança de bem Cavalgar toda a Sela de D. Duarte
I…  «Mais vale perigar esperando, do que ferir fugindo». É este estilo de tourear a cavalo que simboliza um novo ciclo da sua evolução - cujo expoente máximo até então era João Branco Núncio -, e que José Mestre Batista implanta a partir de 1960, consolidado poucos anos depois por José Samuel Lupi e José João Zoio, surgindo João Moura em 1978 que, apesar das criticas ferozes que enfrentou – e enfrenta -, renova novamente o toureio equestre e que constitui actualmente a ortodoxia vigente, desvirtuado pela grande maioria dos cavaleiros actuais. Épocas fantásticas; praças cheias, entusiasmo, emoção, clamor, vibração e alegria percorriam as bancadas; o borbulhar de gente à volta das praças antes das corridas; os cafés cheios, os restaurantes; as conversas sobre toiros, a ansiedade, os cumprimentos dos conhecidos e amigos, o trajar à “portuguesa”…tudo isto era Festa…era Toiros!


Hoje nada disso se passa, o toureio a cavalo daqueles homens nada tem a ver com o toureio de hoje… sem classe, pastoso, aborrecido; toureio de “falhanços”, de ferros no chão, de cravar a cilhas passadas e já na “garupa”; “pescados” e descaídos; parece que “vão á cara”, mas vão à tira de frente; partem em velocidade com o toiro parado; não citam, não “aguentam”, não dão vantagens. 

É um toureio mentiroso, sem ritmo e de conveniências; escolhem os toiros; copiam-se uns aos outros, novos e antigos; saem da «sorte» a correr para a bancada a «pedir palmas» sem «rematarem» a sorte; mudam de cavalo três e quatro vezes; cravam «pares de bandarilhas» duas e três vezes; violinos a mesma coisa; ferros de palmo idem aspas;  enfim, tudo isto sem respeito pelo público e por quem ainda tem que pegar o toiro,  toiro este já sem força; a «defender-se»; com excesso de «ferros»; de «mexidas»; de «capotazos» e pronto para estropiar o FORCADO! 

Há excepções é verdade, mas poucas! Após 3 horas de espectáculo – não sei porque ainda existe intervalo de 15 minutos -, valha-me que me levantei seis vezes; emocionei-me outras tantas e bati freneticamente palmas a oito rapazes valentes que não se negaram a pegar os toiros, nem os escolheram - pequenos ou grandes!!!

O Director de Corrida, que está lá para fazer cumprir o ainda Regulamento Tauromáquico – obsoleto -, deixa que na “teia” se passeiam senhores que nada têm a ver com o espectáculo; os fotógrafos que se deslocam a seu «belo prazer» para a melhor foto do cavaleiro a da «pega» logo que os forcados saltam o balcão.
O continuar a vender queijadas, cervejas outros que tais pelas bancadas ou entrar espectadores com o toiro na arena; as corridas a começarem grande parte das vezes depois da hora marcada por falta do Presidente de Câmara, outra entidade ou ainda por estar pessoas a comprar bilhete. Depois, este abuso de música a tocar por tudo e por nada como se fosse um S. João, bastando um espectador gritar …toca a música!; o merecimento ou não das “voltas e voltinhas” dos Srs. cavaleiros, que, mesmo estando «mal», têm sempre de dar uma volta muito «devagarinho» – e ainda vão ao centro – “pendurados” no forcado, aproveitando-se das palmas que não são para ele, para assim camuflarem uma lide sem interesse e mentirosa. Porque não copiam a dignidade do FORCADO que, quando pega há 2ª.  ou 3ª.  e, por honestidade para com ele e o público, fica na «teia»? 

Tudo isto se passa na nossa Festa – o que é pena - e o pior é que se tem vindo a deteriorar de ano para ano, sem que ninguém se empenhe em a melhorar. Poderia, e devia começar pelos «media» taurinos, mas como… se eles próprios aceitam esta «mentira», apatia e mediocridade há tantos anos instalada por interesses económicos. Agora, a moda é o “socialite” feminino publicitar as corridas de toiros com entrevistas em directo, muitas palmas e até já “figuram” em cartazes! 



Alguém faz um comentário verdadeiro há lide de um cavaleiro? Não, todos eles tiveram «lides» aceitáveis; na maior parte das vezes boas, excelentes; pisou o terreno do toiro; levou-o para o «terrenos» indicado; cravagem regular; de «boa nota»; compreendeu o oponente; mudou para os curtos e melhorou, enfim, nunca está mal. O toiro é que se «parava» na cravagem; «adiantava-se»; tinha pouco andamento; não «carregava». Mas alguém viu o cavaleiro andar na cara do toiro; parar; citar; dar vantagens; aguentar; carregar a «sorte»; quartear-se e cravar ao estribo? E os novos cavaleiros de alternativa? Que dizem os media? Têm um futuro risonho; é a esperança do toureio a cavalo; deu mostras de saber colocar os toiros; génios...eu sei lá!. Que se vê afinal? Exactamente iguais aos mais “velhos”e alguns ainda mais refinados na mentira e a quererem imitar a nova moda. Ah, mas se for o Forcado …esteve mal na reunião; não se fechou de pernas; não carregou; não recuou; as ajudas não entraram a tempo. 

O mal é sempre do FORCADO! Nesta fase da lide, o toiro nunca tem defeitos, como se eles alguma vez tivessem pisado uma arena! De uma vez por todas a comunicação social taurina e o público em geral têm, e devem saber, que o FORCADO AMADOR é a PRIMEIRA FIGURA na Corrida de Toiros à Portuguesa, e deve  que ser tratado como tal! 


É um homem puro, sincero e honesto; taurino e FORCADO AMADOR para sempre; o único que dá emoção, espectacularidade, angustia, alegria e choro e, se a Corrida de Toiros tem espectadores jovens, atentos e bons aficionados, muita da gente que a rodeia e dela vive, bem podem agradecer aos FORCADOS que a alimentam e a vivem intensamente!»

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