OS “TEMPOS” NO TOUREIO A PÉ E NA« PEGA DE CARAS» - BARRINHA DA CRUZ


CITAR «O cite é, a bem dizer, indispensável em todas as «sortes» propriamente ditas, constituindo como que a sua preparação. Como é óbvio, a maneira como é feito o «cite» (posição relativa entre toureiro e toiro, distância entre ambos, etc.) varia de «sorte» para «sorte» e em função das condições e faculdades que o toiro oferece assim como nos «estados» que atravessa durante a lide.

O «cite» presta-se a atitudes e movimentos que podem não valorizar as «sortes» como embelezá-las extraordinariamente. Em especial nas sortes de bandarilhas, nas dos toureio a cavalo e na execução de pegas – já que o capote e a muleta oferecem limitado campo para variações – o «cite» tem grande expressão, não sendo raro conseguir-se através dele, prender o espectador e levar-lhe momentos de beleza e emoção que o predispõem ao aplauso entusiástico. Pode assim dizer-se que o «cite» faz parte integrante de uma «sorte», posto que a sua expressão artística pode beneficiar com ele».

- PARAR - «Dentro do panorama estético do toureio moderno, «parar» é condição indispensável nas realização da maioria das «sortes» de capote e «muleta», pois só assim é possível imprimir-lhe toda a beleza que delas se espera. Como é evidente, tal procedimento não é moderno; no entanto «pára-se» hoje como nunca e porque a acção, no significado que se deu, parece não estar sujeita a variações, lembre-se que tendo as sortes determinados «tempos», a conquista moderna está em ter-se levado a aludida acção de «parar» aio maior número desses «tempos». Em consequência, enquanto antigamente se festejava apenas um ligeiro momento de quietude, pode dizer-se que, na actualidade essa quietude do toureiro se mantém em todos os largos momentos que decorrem desde o «cite» até ao «remate» das sortes».

- MANDAR - «Mandar, é acima de tudo, dominar o movimento, marcando a trajectória do toiro e realizando estas acções sem que o toureiro se desloque; é tornar esse movimento tão prolongado quanto possível e até imprimir expressão circular à trajectória imposta. Concluir-se-á daqui que não é possível «mandar» sem dominar e que o «mando» quando perfeitamente se patenteie é prova irrefutável de domínio, ainda que este seja apenas de natureza puramente técnica. No entanto quando o domínio é perfeito tem, regra geral, expressão também psicológica».

- TEMPLAR - «Modernamente, o termo «templar» não pode limitar-se à definição dada pois ganhou significado um tanto diferente e mais amplo, uma vez que, em alguns casos, se tornou possível ao toureiro como que marcar a velocidade da investida, através de, nas «sortes», levar o toiro tão perfeitamente «toureado» que até esse pormenor lhe pertence, no domínio geral da acção. Como se torna evidente, é indispensável «templar» para que se registe a perfeita execução dos lances e «passes», visto que só através dessa sincronização (seja a velocidade imposta pelo toiro como pelo toureiro) será possível movimentar o «engano» por forma que o toiro a siga sem no entanto o alcançar. É pois, requisito indispensável ao verdadeiro toureio».
- CARREGAR A SORTE – Praticamente, só é possível «carregarem-se» as «sortes» que se executam com o capote ou com a «muleta». A expressão, porém, também se usa para os cavaleiros quando, nas «sortes» de caras e ao entrar na «jurisdição», se executam um ligeiro movimento para o ladro contrário àquele em que sairão da «sorte».

As «sortes» de capote e «muleta» podem «carregar-se» apenas por flexão da cintura, pelo avanço da perna do lado contrário ao da entrada do toiro ou pelos dois procedimentos conjugados. Em princípio a acção de «carregar» as «sortes» representa defesa para o toureiro porquanto, usando-a, se lhe torna mais fácil proporcionar a «saída» em melhores condições de segurança. O toureio clássico porém não dispensa esse pormenor, considerado de boa técnica, e sobretudo o toureio de capote (principalmente nas «verónicas» torna-se mais belo quando se «carregam» as «sortes», em virtude de assim ser possível ao toureiro, em cada lance, ganhar ao toiro um terreno que só muito dificilmente poderia conseguir sem tal procedimento. Como é óbvio o toureio «paralelo» veio dispensar, quase completamente, a necessidade de se «carregarem as «sortes», o que na execução «perpendicular é, a bem dizer, indispensável, pois sem esse procedimento seria completamente impossível dar «saída» aos toiros».

- REMATAR A SORTE - «Terminar o toureiro uma «sorte» ou o toiro uma investida. Mais concretamente, realizar, o toureiro, o último «tempo» das «sortes» de capote ou «muleta», terminando-as assim de maneira airosa. No toureio de capote e após uma série de lances (quite) ou durante a «faena», depois de uma sucessão de «passes», quase sempre iguais, realizar o toureiro qualquer procedimento mais ou menos vistoso. Na lide equestre, terminar uma «sorte», em regra saindo no sentido da «cola» do toiro».
- Também o FORCADO deve «rematar a sorte», saindo da «cara» a recuar de frente para o Toiro, e não a «fugir».

- Enciclopédia Tauromáquica Ilustrada – 1962
- De Jayme Duarte de Almeida
- José Barrinha-Cruz
- Julho 2014

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